Painel Esporotricose
A esporotricose é uma micose subcutânea causada por fungos do gênero Sporothrix, sendo a Sporothrix schenckii a espécie mais conhecida. Recentemente, a Sporothrix brasiliensis ganhou destaque devido à sua prevalência em casos de esporotricose em humanos e animais, especialmente em gatos. A infecção ocorre principalmente através de feridas na pele, onde o fungo entra em contato com o tecido, podendo se disseminar para outras partes do corpo.
Diferença entre Sporothrix brasiliensis e outras espécies
A Sporothrix brasiliensis é uma das espécies mais patogênicas do gênero Sporothrix e se destaca por sua maior virulência em comparação com outras espécies, como a Sporothrix schenckii. A S. brasiliensis é frequentemente associada a casos mais graves de esporotricose, especialmente em gatos, e tem uma maior capacidade de causar infecções em humanos. Além disso, a S. brasiliensis é mais prevalente em regiões tropicais e subtropicais, o que a torna uma preocupação específica em áreas como o Brasil.
Importância na Veterinária
Na veterinária, a esporotricose é uma preocupação significativa, especialmente em felinos, que são considerados os principais reservatórios do fungo. A doença pode se manifestar em forma de lesões cutâneas, linfadenite e, em casos mais graves, disseminação sistêmica. A identificação e o tratamento adequados são essenciais para controlar a infecção e prevenir a transmissão para humanos, uma vez que a esporotricose é zoonótica.
Importância na Saúde Pública
A esporotricose também é uma questão de saúde pública, uma vez que a transmissão do fungo pode ocorrer de animais para humanos, principalmente em ambientes onde há contato próximo, como em lares com gatos. A doença pode causar lesões cutâneas dolorosas e, em casos mais severos, complicações sistêmicas. Portanto, a vigilância epidemiológica e a educação da população sobre a prevenção e o manejo da doença são fundamentais.
Problemas no diagnóstico
No exame citológico para esporotricose, as principais limitações e problemas que podem ocorrer estão relacionados à baixa quantidade e difícil visualização do fungo, especialmente em cães e em certas formas da doença em humanos. O fungo Sporothrix spp., em sua forma leveduriforme, pode estar presente em número tão baixo que a citologia pode resultar em um falso-negativo, mesmo quando a infecção está presente.
As desvantagens incluem:
- Falso-Negativos: Esta é a principal limitação. A citologia é considerada um método presuntivo e, em casos com baixa carga fúngica, pode não ser suficiente para confirmar o diagnóstico. Em animais tratdos, a sua observação também fica prejudicada. Por isso, a cultura micológica é considerada o "padrão-ouro" para o diagnóstico definitivo, pois permite o isolamento e identificação do agente causador.
- Aparência Inespecífica: A citologia pode não ser capaz de diferenciar a esporotricose de outras doenças com manifestações clínicas semelhantes. A baixa sensibilidade do exame pode levar a diagnósticos equivocados se não for complementado com outros métodos.
- Dependência da Coleta e da Lesão: A eficácia do exame depende da qualidade da amostra coletada. Se a lesão não estiver exsudativa ou ulcerada, a coleta pode ser difícil e a amostra pode não conter o número suficiente de células fúngicas para a identificação.
- Dificuldade de Visualização: Em algumas espécies animais, como os cães, a carga fúngica nas lesões é naturalmente muito baixa, o que torna a identificação do fungo ao microscópio extremamente difícil.
Dessa forma, o exame citopatológico é uma ferramenta útil para a triagem e o diagnóstico inicial, principalmente em gatos que geralmente apresentam alta carga fúngica, mas não deve ser o único método para confirmar a esporotricose. Ele deve ser utilizado em conjunto com a suspeita clínica, dados epidemiológicos e, idealmente, ser complementado com exames como a cultura micológica e a histopatologia para um diagnóstico preciso.
Exames realizados no Axys para o diagnóstico de esporotricose
- CIT CITOPATOLÓGICO (CAAF, BAAF, imprint) - até 2 locais ○
- CIT3 CITOPATOLÓGICO (CAAF, BAAF, imprint) - até 3 locais ○
- CIT4 CITOPATOLÓGICO (CAAF, BAAF, imprint) - até 4 locais ○
- CIT5 CITOPATOLÓGICO (CAAF, BAAF, imprint) - até 5 locais ○
- ESPOR PAINEL ESPOROTRICOSE [CITOLOGIA (imprint) + CULTURA FÚNGICA (suabe)] ○
- CFU CULTURA MICOLÓGICA (FÚNGICA/FUNGOS) ○
- SPOQT Sporothrix sp. (ESPOROTRICOSE FELINA) IgG ELISA c/ titulação ●
- BIO HISTOPATOLÓGICO - BIOPSIA (formol) - até 2 locais formol
- BIO3 HISTOPATOLÓGICO - BIOPSIA (formol) - até 3 locais formol
- BIO4 HISTOPATOLÓGICO - BIOPSIA (formol) - até 4 locais formol
- BIO5 HISTOPATOLÓGICO - BIOPSIA (formol) - até 5 locais formol
Coleta para Exame
Para diagnosticar a esporotricose, a coleta de amostras é um passo crucial. O procedimento geralmente envolve:
- Amostras de Lesões Cutâneas: Coletar material de lesões cutâneas, como secreções purulentas ou tecido necrosado, utilizando um suabe estéril ou uma lâmina de bisturi.
- Biópsia: Em alguns casos, pode ser necessária a biópsia de tecido para análise histopatológica e cultura do fungo. A biópsia tem uma sensibilidade diagnóstica menor (60-70%), quando se comparada à cultura e à citologia, que é são os exames de escolha (85-90%).
- Transporte: As amostras devem ser transportadas em recipiente apropriado para evitar a contaminação de quem vai manipular.
- Exames Complementares: Além da cultura, exames como a microscopia direta e testes sorológicos podem ser realizados para confirmar o diagnóstico.
Teste Sorológico Quantitativo
- SPOQT Sporothrix sp. (ESPOROTRICOSE FELINA) IgG ELISA c/ titulação ●
O teste sorológico para esporotricose é uma ferramenta valiosa na prática veterinária para avaliação de eficácia de tratamento, tendo como base o valor inicial sorológico e as avaliações subsequentes durante e depois do tratamento. Seu valor diagnóstico é importante em casos em que ainda há lesões pequenas iniciais, lesões em que haja menor quantidade de leveduras fúngicas. É um teste que pode demorar e apresentar falsos negativos e positivos.
Nota Técnica nº 3/2024 - Centro Estadual de Vigilância em Saúde Divisão de Vigilância Epidemiológica do RS
Orientações de vigilância epidemiológica sobre Esporotricose Humana enquanto agravo de Notificação Compulsória Estadual e orientações de vigilância sobre Esporotricose Animal.